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Criptomoedas na China: as proibições são uma estratégia, não uma campanha

Criptomoedas na China: as proibições são uma estratégia, não uma campanha

16 dez 2025

Caleb Reid
Caleb Reid

Os criptoactivos na China vivem num modo paradoxal: o interesse por eles persiste, mas o quadro jurídico deixa um espaço mínimo para a circulação legal. As autoridades têm seguido uma linha há anos - os tokens privados não devem competir com o dinheiro nacional e não podem tornar-se uma via de desvio para a gestão do fluxo de capitais. Por conseguinte, as restrições às transacções de criptomoedas parecem ser mais um elemento do modelo financeiro do que uma reação ao ciclo do mercado.

No final de 2025, as moedas estáveis (stablecoins) estão no centro do debate. Para os supervisores, trata-se de "dinheiro digital" que atravessa facilmente as fronteiras e funciona como substituto do dólar online. A taxa de câmbio é geralmente mantida por reservas em títulos de elevada liquidez, muitas vezes títulos do Tesouro dos Estados Unidos, e é isso que torna o tema politicamente sensível: uma unidade de conta privada depende de um circuito financeiro externo. Nesta lógica, os riscos são muito concretos - pressão para restrições cambiais e aumento da complexidade da gestão das liquidações.

Uma outra preocupação é a utilização de stablecoin em liquidações cinzentas. As análises do sector mencionam o papel do USDT em esquemas informais, quando os participantes no mercado tentam contornar as barreiras à conversão e às transferências. Esta é uma realidade para as empresas: a disponibilidade técnica do instrumento não equivale a aceitabilidade, e a verificação da origem dos fundos e das contrapartes torna-se obrigatória.

Uma história reveladora vem de Hong Kong. Em meados de 2025, aprovou um regime de licenciamento para stablecoin fiduciário, incluindo variantes ligadas ao RMB, na esperança de atrair grandes emissores e melhorar o seu estatuto de centro financeiro. No entanto, os analistas dizem que o lançamento foi suspenso após consultas com os reguladores do continente. A razão é pragmática: os tokens emitidos em Hong Kong podem circular muito para além das fronteiras do território e, por conseguinte, implicar riscos cambiais e supervisão para além dos limites do regime local.

Ao mesmo tempo, Pequim não está a abandonar as tecnologias de livro-razão distribuído - está a transferi-las para canais geridos. O e-CNY foi construído de forma a que a emissão, as regras de circulação e o acesso aos dados permaneçam sob supervisão administrativa, enquanto iniciativas internacionais como a mBridge utilizam uma lógica semelhante: infra-estruturas modernas sem emissão privada.

Os diretores financeiros devem tratar a situação como uma tarefa de planeamento de cenários: descrever os instrumentos de liquidação aceitáveis, estabelecer controlos sobre a origem dos fundos, prescrever os factores que desencadeiam a interrupção das transacções e preparar as comunicações para os bancos e os auditores.

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